segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Lançamento: A Revolução dos feios

Gente, próxima vamos celebrar meu aniversário e do Ferréz com o lançamento dos nossos livros. Chegue junto! Será no Mais Shopping (Rua Amador Bueno, 229), às 19h, na Loja 1daSul.
Serão apenas 100 exemplares de cada título. Então chegue cedo para garantir o seu ;)
Vamos juntos!



terça-feira, 1 de novembro de 2016

No Uruguai

Poesia é um espirro
dentro do capacete.
Em agosto estive em Montevideo colando lambes, puxando saraus, ouvindo histórias e ministrando oficinas de escrita criativa... E passei em La Quimera Hogar Cultural, onde fiz esta apresentação mesclando alguns dos meus textos. O poema de abertura é do mestre Mario Quintana.
Gravação pelo querido Santiago Salles​
Valeu, Uruguai!
Um abração e borandar #Coragem


sábado, 22 de outubro de 2016

A memória do horizonte

Diante da hora mais dura do não
soube
O lado escuro do sol é
dentro
Sombra é meu único 
amuleto
aí óia lá
Traçar tramas, poemas e estratégias
desobedecer meus impulsos mais cardíacos
sem ver paz na solidão mais voluntária
,essencial para todo princípio,
foi puro equívoco
só me fez mais sal
Mas aí
O cisne negro nascido no ninho de patos ainda tem mais pares que a gente, né não?
ninguém se riu com nossas vitórias. pergunto por que nossa gente não se alegra com nossos trunfos? E nem tô falando de identidade, de poder nem de aplauso nem. É sobre agasalho, entende? Nunca usamos carnê para falar de gratidão.
Aí a gente aprendeu a se encontrar dentro, longe de açúcar. E foi miudin (na dúvida mais íntima) que nasceu nosso voo, passarin.
As intrigas são em maior número. Mas os amigos são melhores [e cada vez menos]; se disséssemos que a vida é feita de perdas e ganhos, estaríamos de acordo que ela é uma competição, disputa, negócios apenas; e nós sentimos outras coisas dela.
Gente [como eu e você] nasce faltando retas. sem mestre para trair. sem padre pra pedir bênça. órfão de sombra exterior.
Há uma magia perversa e sublime nas coisas definitivas: o vidro quebrado, um sentimento sem possibilidades, certas feridas que não levam à morte... No final, a gente é quem tem que aprender a lidar com isso. Não tem socorro ou piedade. Só cabe encontrar o antídoto dentro de nós - mesmos.
e já aviso aos amigos
abraço de ombros não soma pontos
umbigos é o que liga, manja?

E aí a gente descobre que ama alguém (de verdade) quando a pessoa conta uma conquista dela e você fica tão feliz quanto se a vitória lhe pertencesse. tendeu? Isso de provar que gosta só nos momentos ruins... Tá por fora.

A gente sonhava ser estrela
E não suspeitamos
Que já éramos todos
sós



quinta-feira, 7 de julho de 2016

Poesia é mover-se

Na última terça-feira (5/7) estive em Volta Redonda, no Centro Cultural Fundação CSN. Foi importante viver.
Fotos: Fábio Silvestre






































terça-feira, 17 de maio de 2016

Fábrica de ontem

Ser correto ou pecado são apenas maneiras distintas de estar só.
O horizonte só existe para quem mira o interior de olhos alheios 
e consegue guardar o sabor do silêncio. 
Passarinho é um diamante que esqueceu de acordar. 
E agora que consegui meu primeiro abraço de verdade, sinto que 
Poderia aguardar calmamente que aquela garota retorne no início da alvorada - me pedindo perdão, com um pacote de pães frescos, bolo de rolo e um danone e um beijo na boca de meia hora.
E eu poderia esperar convites para Feiras literárias, saraus, galerias, universidades; disputar concursos [destes que os jurados odeiam poesia, analisam seu sobrenome, seus contatos influentes, seu poder aquisitivo e experiência com subornos e cocaína]
Esperar que meus amigos me considerem um cara do bem - que fala camarada, empoderamento, coletivo, revolução e sistema em cada frase.
Pedi que toquem Vivendo do ócio na rádio e esperar que meus joelhos invejem os tímpanos - de tanto vibrar.
Esperar que as mães dos meus filhos me liguem falando sobre o dente que nasceu ou caiu, sobre uma nova palavra que as crianças aprenderam - enfim, que dêem notícia por qualquer razão, que não seja para cobrar meus intestinos. Pelo menos uma vez.E, por final, poderia esperar que o fim bata na minha testa perguntando se tem alguém aqui... Mas a morte já me ensinou demais. E até poderia, mas não tô a fim de esperar por.


segunda-feira, 9 de maio de 2016

Na natureza asfalto

Levantou da cama
Como os vietnamitas dançaríam maracatu entre os campos de Minas
Preparou o café
Como a mãe arrumaria seu filho para o primeiro dia de aula
Escovou os dentes
como um lavador de carros poliria o mais novo lançamento da NASA
Cuidou do silêncio
como um oceano destruiria um castelo no coração Saara
Fechou a porta
Como um luthier daria o último ponto após uma cirurgia do miocárdio
Sonhou com um afeto derrotando o mal
feito um sorvete acariciando a língua de um dragão
Não foi trabalhar
Como se o fim fosse caso de atestado médico
Espera continuação
como uma criança quarentona aguarda o último episódio da caverna do dragão
E ainda há quem use fones de ouvido
nos olhos.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Auto defesa de afetos

Saiu de casa
sem ter de quem se despedir
Como uma tenista cearense 
vai ao parque sem sua mochila: está nua
e sem pantufa

Olhou para os ombros
e abriu a mão
como se pudesse tocar o aroma do panetone
nos calos das rugas da retina de um recém-nascido

Quis fazer um poema
Não destes da moda, que falam sobre revolução, coisa nenhuma e tal
Como uma miss discursa sobre a África, sustentabilidade e a importância do KY para o swing mundial. Mas só poderia acreditar em um poema que fosse mais exposição que um nu frontal da alma 
e tão silêncio quanto um sim 
antes do final.

Tirou a maçaneta do cílio
e fez greve de futuros
Como quando o silêncio não encontra a sílaba do fim
E encerra a treta querendo dormir com seu ímpar

O crepúsculo te ensinou cedo:
as coisas que pesam são matéria de balança
as que flutuam, do mar
e as que faltam são parte do que mais guardou

Fez pole dance
no pescoço de um elefante (disfarçado de rato)
como uma planta esmaga a bota de um militar
no centro do pregão da bolsa

E
Ainda assim
não pôde (nem sabe como)
pedir sem querer milagre
Que as coisas sejam
Melhores
Como nunca.

O cinema de palavras de Cidinha da Silva

Literatura é quando uma história nos convence de que a realidade pode ser outra(s), algo acima dos sonhos e das mazelas cotidianas. Não uma esperança convicta e anunciada, mas uma rachadura no muro de uma rua sem saída – para alguém que precisa chegar do outro lado. No entanto, literatura não é só isso.
Cidinha da Silva chega ao seu nono livro com o vigor e o ritmo próprios de quem já viu demais, sentiu muitas e não tem linha nem tinta para desperdiçar. Não cabem panfletos ou quebrantos. Vale mais caminhar e propor pistas de outras histórias: horizontais, obviamente.
Sobre-viventes é fertilidade criativa e crítica. Tocando em questões raciais, políticas e de gênero sem cair no mingau ralo do discurso pronto, das obviedades calcificadas. Narrativas de dentro. Os personagens são palpáveis, são gente, não bonecos representando instituições – como se tornou comum ler por aí. Não se trata de crônicas produzidas para agradar grupos. É o que precisa ser dito. Menos dedo na cara e mais desafios à reflexão, propositivo. Do nojo à simpatia, causam os sentimentos mais complexos. Indiferença é que não. Aí está o encanto maior, a gente lê como se assistisse. E, naquele instante, quando você pensa que flagrou o ideal do livro, Cidinha te põe pra catar cavaco, revela a imensidão de seu repertório, capacidade de subverter e manusear a língua (como em Setoró, por exemplo).
            O leitor não é testemunha, é cúmplice. Real como o agora (sem ser vulgar), cada crônica tem um coração como matéria-prima. Ora pelo afeto, ora pela sangria.       Extraídos de situações convencionais, como novelas, transportes públicos, redes sociais e noticiários, os casos passam pelo filtro da autora e deixam a suspeita-sensação de que aquelas personagens são todas partes de nós.
            Não por acaso, o título permeia e amplia os sentidos de todos os textos do livro. Com fôlego e parágrafos mais longos, as crônicas que denunciam violências (em geral) trazem um olhar jornalístico mais apurado em detrimento da poesia, que caracteriza as de cunho narrativo. E como preservar o lirismo em meio a tanto horror? Pois é, o texto que mais utiliza recursos poéticos se chama A Guerra.      Cidinha da Silva recorre o tempo todo às memórias de pessoas que tiveram (e/ou têm) o exercício pleno de suas humanidades negado. A autora não entrega tudo, muitas vezes prefere deixar o caso suspenso – como quem diz: “Receba. Você que continue, se quiser...” Por isso é necessária uma leitura dedicada para perceber os silêncios destas memórias femininas e negras – sobretudo. Se algumas crônicas permitem a vastidão da subjetividade, por outro lado, outras explicitam uma posição definitiva em defesa de lutas ancestrais. Sua fala em O leilão da virgem e a fita métrica é emblemática e ecoa“Eu juro a vocês, seria mais feliz ao falar de flores, amores e pássaros, mas esse pessoal não nos deixa criar em paz.”
            Um livro atento às emergências e contradições do nosso tempo. É uma trovoada neste aquário de literatura marginal. Dialogando com sentimentos imprevisíveis, toda uma tradição de resistência através de traços, cantos, sabores, sons, cores etc, Sobre-viventes não inventa a roda da literatura, mas faz com que ela gire com mais diversidade e reticências.
            Mais ou menos como diria Criolo (artista citado no livro), saber a hora de parar é para gente sábia. E a julgar pela qualidade literária que vem apresentando nestes anos todos, a história de Cidinha da Silva não conhecerá fim.
(Texto publicado na íntegra na revista Acho Digno:http://achodignoarevista.blogspot.com/…/o-cinema-de-palavra… )


segunda-feira, 11 de abril de 2016

Para reticências

Perdoa este pequeno século, Mãe. Ele chegou agora aos 16, acha que é moda usar bandeira rasgada como jeans. Tem apetite de gente e utopias... este miserável. 
- Um bando de cavalos selvagens galopando na parte mais sombria de meu coração. Coices e relinchos destroem a derradeira costela de meus tímpanos. A poeira dos cascos se converte em larva de vulcão subindo pela garganta a 125 anos luz por segundo. Olhos são o iceberg desta implosão. E uma saída é nada para tanto fogo líquido. 
Abraços pedem força - mais uma vez. Sem saber ou se dar conta que sou sertão. Repare qu'eu já fui forte demais. Sabia não?
 E neste presente instante só quero me permitir escorrer, desabar, me entregar ao pranto que toma conta de todos meus ossos. Abraço é mãe de todos nós.
Mas a madrugada nos ensinou cedo demais a ser impermeáveis. 
Nem todos podem expressar sua histeria. Alguém precisa manter olhos altos e joelhos firmes. Sustentar a si e os demais - que transformam soluços em convulsões de pus, urros, solidão e flagelo como impotência. 
As portas se fecham feito sutura pós operatória. Contar os pontos é inútil. A cicatriz incomoda mais quando Invisível. Sem calmantes ou analgésicos. Só acredito sentindo - mesmo.
Sem resignação. Sem culpa nem revolta. Sinto o que sente um animal preso numa esfera vedada, que teima diariamente em tentar escapar. Ideia da morte é conta-gotas. E as nuvens me ensinaram a ser mais chave que porta. 
Mãe me ensinou a não me afasto demais do coração. Mas eu acabo de abrir a porta de casa e penso que não tenho mais para onde voltar. Pego a caneta e só consigo uma palavra.
 'Mãe, Saudações sem fim.' Começavam assim todas as cartas que lhe escrevia. E eu ainda não sabia que seriam eternas, de fato.
Os cavalos (agora mais selvagens) se multiplicam e avançam. Não quero mais detê-los. Não posso mais.
Perdoa este século miúdo, Mãe. Eu não vou esquecer.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Algodão de Fogo


Hoje acontece a primeira edição de Algodão de Fogo. Estarei no Relicário Rock Bar com amigos de longa data. Numa noite nada previsível, resgataremos as origens do Blues e do Sarau. 
Estrelando:
Marina Mariná ✶ Paulo SS ✶ Rurall Jones ✶ Victor Rodrigues.
 Improvisos. Rockeragem Poética. Felicidades. Festival... Tudo questão de palavra! 
Chegue junto. 
Chame seus amigos, seu amor... Traga o seu melhor!
Venha ver e sentir como nascem as constelações.

Às 20h, Rua Manoel de Lima, 178 - Jordanópolis (Zona Sul) - São Paulo-SP


Bote Fé: Universo Paralelo dos Zines, 2015

Você já deve ter notado que adoro livros de bolso, né? Na real prefiro os grandes, mas como tenho o hábito de ler enquanto ando de ônibus, aí os livros menores são mais pertinentes.
Bora lá.
Estou terminando a releitura desta obra imprescindível para quem gosta de auto publicação, contracultura e "faça você mesmo" em geral.
Com caráter jornalístico e curiosidades que só uma autoridade no assunto poderia revelar, Márcio SNO produziu um documento histórico valioso sobre zines. Sim, este é um livro que transcende as aspirações da literatura tradicional.
O entusiasmo e paixão do autor transbordam em cada parágrafo; contudo, as décadas de vivência intensa no "Universo Paralelo dos Zines" não permite romantismos pueris.
As epígrafes dos capítulos ampliam e dão a tônica do todo.
O cara manja dos paranauês. Cita nomes essenciais para o rolê e contextualiza o papel do zine na 'história'.
Há poucas publicações (em livros) sobre este tema no Brasil, como o próprio Márcio ressalta aqui, daí a importância ímpar desta.
Procure saber. Este eu recomendo com força!
+
Enquanto escrevia aqui ouvi o disco Mundo Livre S/A versus Nação Zumbi.
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Obs. Este é o Bote Fé, um projeto de mini resenhas de obras de autores vivos, que lançam livros nada convencionais.
Toda segunda-feira tem novidade na página:https://www.facebook.com/nibrisant/ 




segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Catando resíduos de amanhã

É aqui onde estou: agora.
Sincero como quem pede esmola durante a missa para beber. Uma velha cascavel que protegeu e chocou ovos o verão inteiro para ver nascer filhotes de pombo. O cara que pega grana com agiota pra pagar o almoço de sua namorada... e leva bolo. Como quando alguém desculpa nossos vacilos e atrasos, mas a gente não se perdoa. Alguém que viaja 74 anos luz para ver o show dos Stones e, na hora h, toca ultrage a rigor. O corredor que treina para disputar maratonas, mas vive entrando em corridas curtas. Como a primeira vez que uma mãe vê seu filho depois que ele morreu. Quando a gente ouve "no entanto" depois de um sim. Quando demorei esperando o momento certo de voltar, e no instante que me decidi, soube
que não existia mais pra onde.

E eu tinha o sorriso de um beijo de Virginia Wolf. Era a glória de um garoto recém saído da sala do diretor. Tinha tudo que tem uma menina enfrentando uma inesperada overdose solitária de amor puro. Todos os céus que uma montanha pode ser para a sombra.
 Eu era tudo que o Chile foi para a liberdade. 
Apontar os sete erros deste jogo não me fez melhor.
Estamos no mesmo barco, passarinho. Bote fé. Reine. E use esta âncora como guarda-chuva. 
 Por este brilho no seu riso – eu sei – você já foi longe demais. Coleção outono inverno de decepções e cicatrizes. 
Os socos, velórios, traições e falências só te fizeram mais rebelde, indomesticável, afetuoso e amigo de asteroides sabor morango.
Poesia é a pátria sem chão, onde piso agora. Esta noite, vamos dançar entre as constelações de flores, passarinho.
Já nos ferimos demais, meu bem. Sinta meu pulso. Este é o ponto. E que me importa?
É aqui onde estou: agora.






quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Bote Fé: Profissão Andarilho, 2015

Separar artista da obra não é preciso. Sentir também é impreciso. 
Criador do sarau ComplexCidade, o moço indaiatubano Bruno Peron produziu um livro com a marca da pressa destes dias. Romântica e com sede de bocas, sua primeira publicação foi feita para caber no bolso e proporcionar outras perspectivas do caminho.
O improvável virou ofício
Tanto quanto da observação, a poesia de Bruno nasce dos seus movimentos (e desconsertos) no mundo.
O poeta sabe que, diante da vida, apenas palavra não basta. Distribuir adjetivos, insultos ou reticências aleatórias também não dá conta. Vale mais o intangível. O sem nome é a busca.
Profissão Andarilho é uma biblioteca de um homem só - em expansão. Antologia de encontros, desejos, chamados e despejos.
Uma janela sem teto.
Peron espalha partes de sua história em cada página. E não se preocupa que lhe julguem fraco, lascivo, ingênuo ou campeão. (...)
Não há treino para esta viagem. Apronte suas asas e boa viagem. Procure saber.
Deixo aqui um poemeto pra lhe abrir o apetite. Ou não:
"Esquerdo
Escolheu um lado,
ficou com a metade

do coração." A releitura e esta resenha aconteceram sob o som dos discos:
- Selva Mundo, da Vivendo do Ócio
- Cada um tem o que merece, de Laranja Mecânica
- Quarto Mundo, de Fino Du Rap

Obs. Este é o Bote Fé, um projeto de mini resenhas de obras de autores vivos, que lançam livros nada convencionais.

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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

BOTE FÉ, Nícolas Nardi

"Isqueiro: fogão de bolso
Dedo: o braço da mão
Qubra-molas: a gravidez do asfalto"
Nícolas Nardi faz poesia parecer algo simples, fácil (não pobre, óbvio). A foto acima é dos fanzines que ele auto publica e vende por Novo Hamburgo-RS. 
Poesia barata, que te rouba um riso (e uma reflexão, de quebra) a cada página.
Além do conteúdo ligeiro, sarcástico e sagaz, os zines do Nicolas são feitos com zelo. Dá gosto guardá-los. E provam que não é a publicação de um livro (no formato tradicional) que batiza um poeta.
Perguntei ao músico Eduardo Dias o que ele pensava da obra do Nícolas: "achei a leitura bem tranquila, fácil, fluente. a coisa do cômico no tempo, os temas, a forma, as correlações...
os escritos me lembram aquelas palavras ditas por quem tem muita coisa em mente, juventude, ideias fervilhando, necessidade de expor, meio hiperativo (no melhor dos sentidos).
no fim das contas os escritos atendem à proposta que é do despertar no outro.
muito bom!"
Agora você ficou a fim de ler, né? Pois então... Vá ler gente viva. Antes que seja tarde. Emoticon wink Lidem com essa do Nardi:
"este livro não serve
para nada
mas se servir
de nada."


Procure saber mais e leia gente viva. Ou não.
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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

BOTE FÉ, Vitamina

"cérebro, para de telefonar pros meus olhos!"
Esta fração do livro Vitamina não dá conta da imensidão que é Juliana Bernardo. Mas abre alas. E levanta suspeitas, que são mais bonitas que velhas certezas. 
Vitamina é um livro de versos-imagens-desvios-encruzilhadas e mais mais. Sutil sem ser sem sal.
Editado por Eduardo Lacerda (Patuá), prefere a intimidade dum buteco ao hermetismo padrãoAcademia.
Juliana vai costurando a gente com suas entrelinhas (intertextos) cor de sangue e ontem e paixão e.
Livro sem maiúsculas. Nem ponto final - nunca. Imita um rio que corre na direção do céu.
Emaranhado de textos relâmpagos e maratonas, Vitamina é seleção de um time de goleiras. Voadoras.
Perguntei ao poeta Victor Rodrigues o que ele pensava de Vitamina. Ele disse: Imagens!
Pois vá ver.
Por esta e tantas outras, vale procurar saber: "transbordar é uma bênção
transbordar é uma lição

meu reino por desaguar você"


Procure saber mais e leia gente viva. Ou não.

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Bote Fé: DizCrição

Com formato de bolso, este é um livro pra ser lido de uma sentada (40 páginas). E ruminar por umas semanas:
"Quem pensava achar num caminho uma bala perdida 
no exato momento que nada procurava?"
Miró, o poeta do alegrismo, é apresentado com intimidade e cuidado por outras entidades: Pezão (cofundador da Cooperifa) e Otília. 
Publicado em 2012, é essencial para quem quer desfrutar e refletir a poesia contemporânea. Textos curtos e ressonantes.
Ora desequilibrista. Ora profético. Ora sem relógio. Emoticon tongue
Miró não é unanimidade... Ele é a poesia em pessoa. Um caso em que dissociar autor da obra é tarefa para argonautas.
Sem misticismo. Miró se aproxima - cada vez mais - da poiesis. Sempre humano e palpável.
Quem circula pelos saraus de São Paulo (e outras quebradas) certamente já escutou alguém levantando um poema desse pernambucano porreta. E foi assim no último sábado no Sarauê (recital poderoso realizado em Parelheiros): um puxou um poema de Miró, depois veio outro e outro... Aí lascou!
Li aqui-agora pro meu vizinho Tonhão (75 anos) alguns poemas do Miró e perguntei o que ele achou: "Porra. Esse cara ainda tá vivo?" foi a reação.
De quebra-queixo deixarei estes versos do DizCrição pra você procurar ler mais depois:
"Finalmente onde é que vamos parar?
O policial perguntou
- tá indo pra onde, boy?
-estou voltando, senhor!
foi preso por desacato

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Workshop Poesia como Start Criativo

Próxima semana estarei em Poços de Caldas trocando ideias sobre poesia, publicações e mais. Para informações completas, clique aqui


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

BOTE FÉ, Toda Via, (2015)

Obra de estréia de Michele Santos, divide-se em 5 capítulos - sobre a forma de conjunções adversativas: Entre/tanto, Com/tudo, A/pesar, Em/bora e Mas. Não por acaso, o livro é todo um emaranhado dramático d'um Eu Contradição.
Estética de miolos e torniquetes.
Vezes beirando o monossilabismo; outras com fôlego de Phelps. Nunca à toa. Aliás, há muito calcanhar em sua poesia.
Repleto de sinais (literalmente), o livro parece buscar o máximo que uma palavra pode dizer. E assim vai repartindo, cortando, esmiuçando cada sílaba, cada artéria dos fonemas.
Enquanto a maioria dos poetas contemporâneos baseia sua produção em temas jornalescos, causas sociais e modismos em geral, Mi optou pela contramão - fazendo bandeira de suas próprias vísceras.
Sua palavra é um caso à parte - mesmo. Não por inventar o som. Mas por ressignificar a voz de todo dia.
O livro tem projeto gráfico e diagramação do phodao Mixel Nogueira. E ainda conta com apresentação da poesia Janaína Moitinho.
Ah. Vou dizer mais não. Vá ler e procurar saber. Deixo vocês com este pedacin:
"Poemas são estratégias de fuga para tudo que não domino
cinema iraniano, domingos,
saber a hora de parar,
você."
*
Enquanto reli o livro e escrevi esta mini resenha tomei duas cervejas e uma para tudo café e escutei as bandas:
Infra Áudio
Camila Brasil
Vespas Mandarinas
Lou Reed

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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

BOTE FÉ: Outro dia de folia, 2012

O trabalho quixotesco de Eduardo Lacerda à frente da editora Patuá tem resultado prêmios, arengas, chás de beber, tretas e muita literatura. Muita. 
Mas no meio editorial pouca gente sabe que, além de publicar e valorizar inúmeros talentos, Edu escreve. E sua pena é rica em intertextualidade, assonâncias e uma certa ginga manca de Adoniran.
Versos quebrados fazem pensar em outras alternativas para os poemas. Como se houvesse outro jeito de ser. Uma festa sobre LPs de Alceu Valença e Nando Reis.
Descompassos e dribles que remetem ao panteão dos orixás, citações bíblicas e livrescas (no melhor sentido), palavrões e uma melancolia ancestral - já anunciada na capa.
Edição e projeto gráfico de admirar. Fique aqui com um trecho e procure saber:
"Perco amigos
como
quem perde
dentes.

Como
quem
mastiga,
perco amigos

(E também os guardo.
deitados sob o sono do travesseiro,
à espera
de impossíveis
fadas)

Como quem guarda dentes que perde.
Como quem dói a noite inteira.
Como quem
os devora.
(...)"

Enquanto reli o livro e escrevi esta mini resenha tomei café e depois uma cerveja e escutei os CDs:
EP solto, de James Bantu
Vai na fé, de João Sobral
Dozicabraba, Emicida, Beatnick e K'Salaam
Alquimia sonora, de Viegas

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